12 de Agosto – Circular n.º 61, do Governo Civil para as
Câmaras Municipais, arquivada no livro n.º 19, fls.83v, daquele departamento
distrital. Firma-se o célebre José Silvestre Ribeiro. Supõe-se, após sua
leitura, tratar-se, com efeito da primeira diligência no sentido de em Angra se
estruturarem e organizarem os serviços de socorro e sinistros de tal espécie.
“(…) São raríssimos os incêndios de edifícios no distrito de
Angra, e ainda bem, no entanto, é este acidente tão funesto e deplorável, que
julgo conveniente chamar a atenção das Câmaras, entrando na exposição de
algumas providências, que a semelhante respeito se podem adotar para bem da
humanidade. Seguirei nesta parte a doutrina do Barão d’Eschwege exarada na
Memória sobre os melhoramentos das providências para atalhar os incêndios
(Membro da Academia Real das Ciências de Lisboa, Tomo, 12, parte 1.ª).
Uma Companhia para cada povoação. Cada companhia deve ser
composta de três Cohortes: a 1.ª se chamará da Salvação; 2.ª d’Artífices; a 3.ª
de Socorro.
“Constando existir uma bomba neste país a cargo do Governo
Civil – precisada de consertos para poder ter uso, deliberou-se se peça ao
mesmo Governo Civil essa bomba para ficar à disposição da Câmara, a fim de que
esta fazendo-a convenientemente consertar, a tenha sempre pronta para se acudir
oportunamente a atalhar qualquer incêndio quando desgraçadamente o haja”.
Com efeito a Edilidade formulou o pedido e o chefe do
Distrito, Nicolau Anastácio de Bettencourt, (…), do melhor grado aquiescendo,
respondeu que “nesta data dei ordem ao encarregado das Obras Públicas, Roberto
Luís Borges da Costa, para que ponha à disposição de V. Ex.ª a referida Bomba.”
Inteirada da pronta cedência da dita bomba pelo Governador
Nicolau Anastácio, não denunciou, porém, a Câmara empenho algum em a obter.
Decorreu o tempo sem que a mandasse levantar e o assunto voltou ao
esquecimento.
O uso das macas iniciou-se neste ano. Antes usavam-se
colchas e escadas, na condução de doentes e feridos.
11 para 12 de Agosto – Tragédia, luto e dor resultante do
incêndio na casa n.º12 da Rua de Salinas, propriedade D. Carolina Portugal
Ribeiro, do qual resultou um morto, um serviçal carbonizado quando diligenciava
salvar mobiliário, para que o instante problema despertasse da sonolência, do
marasmo inconcebível e negligente – ganhando de nova a atenção oficial.
17 de Agosto – o “Angrense”, semanário citadino, interpretando a opinião
pública, apelou no sentido da autoridade cuidar da reparação da bomba de incêndio
com a urgência requerida, pondo-a funcional, mais os acessórios indispensáveis,
pronta a ser usada com eficiência sempre que as circunstâncias o exigissem.
Recordou ainda a vantagem e utilidade de se criar e organizar a companhia
preconizada cinco anos antes por José Silvestre Ribeiro.
23 de Agosto – O vereador Manuel Joaquim Reis propôs e submeteu à deliberação
municipal o seguinte acórdão: “a essencial e extrema necessidade de se
solicitar com a maior urgência do governo de Sua Majestade, por via do
Governador Civil, ou como mais conveniente se julgar a aquisição de uma Bomba
com todos os utensílios para acudir a qualquer incêndio, ainda mesmo sendo paga
pelo Cofre do Concelho, por ser um dos mais assinalados serviços e benefícios
que esta Câmara pode prestar aos seus concidadãos em qualquer dolorosa
repetição de incêndio, devendo convencer-se que a catástrofe do dia doze teria
muito menos que sentir se houvesse uma Bomba própria do Município de que se
pudesse fazer uso no começo do incêndio”.
Só então, em virtude desta proposta, a Câmara deliberou
rogar ao Governo Civil a entrega da Bomba referida no ofício n.º 689 datado de
03 de Junho de 1845 e ainda pedir ao Governo de Sua Majestade “uma Bomba de
força com os respetivos aparelhos”.
25 de Outubro – Datada de 30 de Setembro e firmada pelo
Duque de Palmela, recebeu o Governo Civil a seguinte resposta: “Tendo sido
presente a Sua A Rainha a representação, que dirigira a Sua Real Presença a
Câmara Municipal de Angra do Heroísmo, pedindo uma bomba de força com os
competentes aparelhos, a fim de poder acudir a qualquer incêndio e atalhar os
seus funestos efeitos; e bem assim a informação de sete do corrente. Em que o
Governador Civil respetivo, julgando digna de deferimento a pretensão da Câmara
Municipal, pede autorização para entregar-lhe uma bomba que ali existe,
pertencente à Fazenda Pública, e que pelo seu estado de ruína não está no caso
de servir sem que seja consertada; Há a Mesma Augusta Senhora por bem Resolver
que a mencionada bomba, pertencente à Fazenda, sela entregue à Câmara Municipal
representante a fim de que a possa mandar consertar à sua custa e servir-se
dela como convier; mas que quanto à bomba de força, deve a Municipalidade
prover à sua aquisição e conservação, por meio dos seus próprios recursos”.
Cedida assim em definitivo a bomba que era pertença da
Fazenda Pública. Votou a Câmara a verba de cinquenta mil reis para ocorrer à
despesa da sua reparação.
1846
O uso das macas iniciou-se neste ano. Antes usavam-se
colchas e escadas, na condução de doentes e feridos.
1848
11 para 12 de Agosto – Tragédia, luto e dor resultante do
incêndio na casa n.º12 da Rua de Salinas, propriedade D. Carolina Portugal
Ribeiro, do qual resultou um morto, um serviçal carbonizado quando diligenciava
salvar mobiliário, para que o instante problema despertasse da sonolência, do
marasmo inconcebível e negligente – ganhando de nova a atenção oficial.
17 de Agosto – o “Angrense”, semanário citadino, interpretando a opinião
pública, apelou no sentido da autoridade cuidar da reparação da bomba de incêndio
com a urgência requerida, pondo-a funcional, mais os acessórios indispensáveis,
pronta a ser usada com eficiência sempre que as circunstâncias o exigissem.
Recordou ainda a vantagem e utilidade de se criar e organizar a companhia
preconizada cinco anos antes por José Silvestre Ribeiro.
23 de Agosto – O vereador Manuel Joaquim Reis propôs e submeteu à deliberação
municipal o seguinte acórdão: “a essencial e extrema necessidade de se
solicitar com a maior urgência do governo de Sua Majestade, por via do
Governador Civil, ou como mais conveniente se julgar a aquisição de uma Bomba
com todos os utensílios para acudir a qualquer incêndio, ainda mesmo sendo paga
pelo Cofre do Concelho, por ser um dos mais assinalados serviços e benefícios
que esta Câmara pode prestar aos seus concidadãos em qualquer dolorosa
repetição de incêndio, devendo convencer-se que a catástrofe do dia doze teria
muito menos que sentir se houvesse uma Bomba própria do Município de que se
pudesse fazer uso no começo do incêndio”.
Só então, em virtude desta proposta, a Câmara deliberou
rogar ao Governo Civil a entrega da Bomba referida no ofício n.º 689 datado de
03 de Junho de 1845 e ainda pedir ao Governo de Sua Majestade “uma Bomba de
força com os respetivos aparelhos”.
25 de Outubro – Datada de 30 de Setembro e firmada pelo
Duque de Palmela, recebeu o Governo Civil a seguinte resposta: “Tendo sido
presente a Sua A Rainha a representação, que dirigira a Sua Real Presença a
Câmara Municipal de Angra do Heroísmo, pedindo uma bomba de força com os
competentes aparelhos, a fim de poder acudir a qualquer incêndio e atalhar os
seus funestos efeitos; e bem assim a informação de sete do corrente. Em que o
Governador Civil respetivo, julgando digna de deferimento a pretensão da Câmara
Municipal, pede autorização para entregar-lhe uma bomba que ali existe,
pertencente à Fazenda Pública, e que pelo seu estado de ruína não está no caso
de servir sem que seja consertada; Há a Mesma Augusta Senhora por bem Resolver
que a mencionada bomba, pertencente à Fazenda, sela entregue à Câmara Municipal
representante a fim de que a possa mandar consertar à sua custa e servir-se
dela como convier; mas que quanto à bomba de força, deve a Municipalidade
prover à sua aquisição e conservação, por meio dos seus próprios recursos”.
Cedida assim em definitivo a bomba que era pertença da
Fazenda Pública. Votou a Câmara a verba de cinquenta mil reis para ocorrer à
despesa da sua reparação.
1850
9 de Outubro – Uma firma portuense orçou o seu conserto
359$600 reis fortes, enquanto uma unidade nova, com três mangas, custava
461$600 reis, depois de deduzidos 38$400 reis, valor atribuído à velha máquina
danificada. Deliberou então a Edilidade que “ficasse este negócio para ser
tratado em tempo oportuno”.
11 de Dezembro – Acórdão Municipal em que os cinquenta mil reis constantes do
orçamento para reparação da Bomba foram gastos no arranjo “do muro que fica
abaixo da Igreja do Corpo Santo, e fazer-se de novo sua extensão de algumas
braças”.
1851
Na noite de S. Silvestre, deflagrou incêndio num prédio
citadino. Nicolau Anastácio toma as primeiras providências aprontando escadas,
pás, picaretas, cestos e baldes.
2 de Janeiro – No ofício n.º 97, o Governador Nicolau
Anastácio de Bettencourt, pode-se apurar:
“Mais um incêndio ocorreu nesta cidade, na tempestuosa noite
de 31 de Dezembro para o primeiro do corrente ano deste novo ano. Dos esforços
empregados pela tropa, e pelos cidadãos que logo acudiram, resultou o ser
extinto sem grande prejuízo; mas notou-se, com justa razão, a falta que ainda
há de mais uma bomba para servir em casos tais por não ser suficiente nas
ocasiões em que o fogo se desenvolva com mais violência, a única bomba que
existe no Castelo, conquanto o uso desta muito aproveitasse, para apagar
completamente o fogo, que se ateou na referida noite.
Numa cidade, onde se observam sensíveis melhoramentos, nos
Templos, Edifícios de Estado, e Casas particulares; aonde se empreendem novas
construções de grande vulto e dispêndio; torna-se inexplicável a escassez de
meios que se oferecem, para se poder providenciar nos casos de incêndio, quando
infelizmente os hajam.
É para evitar este estado de deficiência, em objeto tão
sério, que eu venho de novo suscitar a especial atenção da Câmara Municipal de
Angra do Heroísmo e desta vez com plena confiança, de que o resultado seguirá
de perto o voto geral destes habitantes, para se prover a uma necessidade, tão
urgente como reconhecida.
Entregando pois este negócio ao cuidado e desvelo da Ilustre
Corporação Municipal, tenho para mim que a Câmara na sua primeira sessão,
votará em orçamento suplementara quantia indispensável para a compra de uma
bomba; e depois de aprovado o Orçamento pelo Conselho de Distrito, segundo a
Lei, tenha imediata e efetiva aplicação a soma que for consignada, embora
despesas obrigatórias estejam a cargo do Município, porque esta, da aquisição
de que se trata, deve preferir a qualquer outra de interesse e serviço público.
Isso feito oportunamente se adotará um sistema de
providências, pelo qual se possa dar a devida regularidade e eficácia ao
serviço que incumbe em tais condições.
E, no entanto, resta-me prevenir a Câmara Municipal, que eu
julguei conveniente fazer aprontar pela Repartição de Obras Públicas do
Distrito, utensílios que se empregam em casos de incêndio, tais como escadas,
cestos, pás, picaretas, cestos e baldes e que todos vão ser depositados no
armazém da arrecadação deste Palácio, a fim de com eles se apresentarem os
operários das ditas obras, que têm ordem de comparecer, logo que haja sinal de
fogo”.
8 de Janeiro – Ainda desta vez a Câmara se não pronunciou a
contento. A Edilidade deliberou responder ao chefe do Distrito. A razão aduzida
foi a carência absoluta de numerário e a inviabilidade de elaborar “orçamento
suplementar por julgar não ser possível gravar mais os povos do Município,
sobre os quais já pesam imposições graves, e tendo mandado despedir a maior
parte dos operários das Obras Públicas, por se lhes não poder pagar, nenhuma
redução mais se pode fazer em seu número, existindo só o absolutamente preciso
para não pararem de todo essas obras, de reconhecida utilidade pública.”
A carência de verba alegada pela Câmara de modo algum
desalentou o Governador Nicolau Anastácio de Bettencourt de prosseguir avante o
seu louvável intento.
15 de Abril - A coberto do ofício n.º 140 (Livro 44,fls.
119v), a título de consulta, enviou ao Município um plano de Regulamento para o
Serviço nas ocasiões de Incêndio.
26 de Abril – A Edilidade examinou-o com a requerida atenção e considerou-o
“muito bem concebido e ser conveniente que se ponha em execução”.
19 de Maio – Três semanas volvidas, com o ofício n.º 158, fls. 126v do Livro
44, a nossa primeira autoridade regional à Câmara remeteu seis exemplares do
dito Regulamento.
“Designados como se acham neste documento os serviços que
devem prestar na ocasião oportuna os donos dos Estabelecimentos Públicos, cuja
licença previamente compete à Câmara, constituindo os indivíduos por eles
enviados para acudir ao fogo uma Secção de que é Chefe o Fiscal das Obras
Municipais: chamo a atenção de V. S.ª sobre a conveniência com que é mister
proceder à elaboração de uma Postura, mediante a qual sob as penas respetivas
sejam obrigados os Proprietários dos Estabelecimentos referidos a desempenhar
as obrigações de que se trata; servindo-se outrossim a mesma Câmara passar as
ordens para os demais efeitos ao respetivo Fiscal das obras ”.
A primeira Postura camarária.
11 de Junho – A Edilidade, enveredando finalmente pela senda
positiva, consoante tombado em ata, submeteu com êxito à apreciação do Conselho
de Distrito a Postura seguinte:
“Achando-se regulado, no regimento publicado pelo Governo
Civil deste Distrito em dois de Maio último, o serviço que deverá efetuar-se
nas ocasiões de incêndio, a Câmara desta cidade determina, na conformidade do
mesmo Regulamento, o seguinte:
Art.º 1.º - Todos os cidadãos que têm estabelecimento
público dependente da licença da Câmara, constituem uma Secção destinada a
acudir, em ocasiões de incêndio, pelo modo abaixo declarado:
- O Chefe desta Secção é o empregado da Câmara José Augusto
Balieiro, ou quem o substituir no emprego que exerce.
Art.º 2.º - Cada um dos ditos cidadãos é obrigado a ter um
barril, balde ou pote, de madeira, e a mandá-lo por qualquer pessoa, cheio de
água, ao lugar do incêndio, onde ficará com essa pessoa em serviço até se
extinguir o fogo.
§ Único – O dono do estabelecimento que faltar a mandar
prontamente ao lugar do incêndio o dita barril, balde ou pote de madeira, pelo
modo especificado, pagará a multa de seiscentos reis.”
9 de Julho – Aprovada e posta em execução a Postura.
1852
4 de Fevereiro – Chegada de Inglaterra, a Bomba adquirida e encomendada
6 meses antes pela Edilidade.
Deliberaram os Edis, solicitar ao Governo Civil alojamento
apropriado no Palácio para o aludido engenho, “visto que por agora não tem a
Câmara uma casa do Município suficiente para isso”.
Ainda resolvido na mesma ocasião, ao vereador Fartura Jr.
Confiar a nova máquina, “para mandar dela cuidar pelos homens da iluminação da
cidade, velando pela sua conservação”.
11 de Fevereiro – Extraído do Acordo Municipal exarado.
“Foi presente outro ofício do governo civil, n.º 122, de 7
do corrente, participando, em resposta ao que se lhe pedia, ter dado as ordens
necessárias ao inspetor das Obras Públicas, Joaquim Maria Pamplona, para que
ponha à disposição da Câmara a loja do palácio que mais convier para ser
recolhida a bomba que chegara de Inglaterra pertencente a este Município, e bem
feito ao mesmo empregado as convenientes recomendações para que todos os
utensílios estejam prontos sempre que se ouça o sinal de incêndio.
Foi presente uma carta do sr. Tomé de Castro Júnior, de 19
de Janeiro último, existente em Londres, participando a compra e a remessa da
bomba que a Câmara lhe encomendara, a qual importou em 67 libras, 8 xelins, e 3
penes, a saber:
- Custo da máquina: 55 libras;
- Duas mangas de sola, de 40 pés de comprimento, cada uma: 8
libras e 10 xelins;
- Empacar numa caixa e conduzir-se: 1 libra e 10 xelins;
- Seguros de 20% e direitos: 16 xelins e 2 penes;
- Comissão de 2,5%: 1 libra, 11 xelins e 9 penes;
- Importando tudo em moeda insulana, à razão de 5$800 reis a
libra, preço porque tem corrido, em 390$992 3/6 reis, além dos direitos que se
devem pagar na Alfândega desta cidade, na importância de 82$403 reis”.
O comerciante Tomé de Castro nada exigiu pelo frete, somente
reembolsando a cifra por seu filho despendida e atrás referenciada.
A bomba ficou arrumada na loja do extremo norte do palácio,
frente para o Largo 22 de Junho, junto da porta de acesso para o Jardim, actual
dormitório das praças servindo no Comando Militar da Terceira e no Distrito de
Recrutamento e Mobilização n.º 17.
A chave da dita loja ficou depositada na casa da guarda do
Quartel General, “para aí se ir buscar em qualquer ocorrência de fogo”.
Tanto o vereador António José Vieira Rodrigues Fartura, como
os chefes das Secções, ali estavam identificados, “a fim de que à guarda não
repugne entregara chave sempre que quaisquer deles a pedirem”.
A cidade passou a dispor contra incêndios da Bomba nova da
Câmara e dos utensílios aprontados pelo inspetor das Obras Públicas, a mando do
governador civil. Dealbava, enfim, a Humanitária e Benemérita Organização.
Assim, pode-se dizer, começaram os Serviços de combate ao fogo em Angra.
1853
3 de Fevereiro – Estreia da bomba adquirida pela Câmara
Municipal, num incêndio numa casa da Rua da Rosa, 14, na vizinhança do mosteiro
das freiras claristas.
Logo a rebate pungiu o ambiente citadino, ao sítio da bomba.
Compreende-se o seu interesse e prontidão. Movia-os a curiosidade de observar o
rendimento e o nível de eficiência da nona máquina – a primeira aquisição
municipal no género.
Constituiu o facto apreciável lição prática, que evidenciou
a necessidade de alterar a esquematização dos serviços.
Também compareceu a bomba do Castelo, manobrada por
artilheiros, “que de nada serviu, pelo péssimo estado em que se acha – vergonha
é dizê-lo – porém a sua guarnição trabalhou bastante”.
7 de Fevereiro – O chefe de Distrito, em ofício n.º 94,
apreciando o que observou no reportado incêndio, elogia o serviço da bomba,
asseverando depois:
“Foi, contudo, geralmente reconhecido que muito conviria
estabelecer um exercício mensal com a mesma bomba, a fim de melhor se habilitar
os marítimos e operários encarregados deste serviço, ou os cidadãos que a ele
queiram prestar-se, ao desempenho dos respetivos trabalhos.
Nesse sentido chamo a atenção da Câmara Municipal para que
se sirva dar as providências convenientes; prevenindo a mesma Câmara de que a
chave da casa onde está colocada a dita bomba, fica de ora em diante a cargo da
sentinela postada à porta do Palácio do Governo que dá entrada para o Quartel
General, por ser assim mais pronta a sua saída, no caso de necessidade para
ocorrer a qualquer sinistro; e acrescentando que muito se aproveitará, quando
fique a cargo do Fiscal das obras municipais a direção dos trabalhos com a
mesma bomba. ”
9 de Fevereiro – Foi deliberado pela Edilidade em resposta
ao Governador Civil, que alguns empregados da Câmara se têm exercitado e se
acham habilitados a trabalhar com a Bomba, mas que a disposição do artigo
quarto do Regulamento, incumbindo esse serviço à secção marítima, que nenhum
tinha da máquina, deu lugar a não trabalhar com a precisa regularidade e
presteza no referido incêndio, e as fazer-se um tão mau uso da Bomba, que ficou
com alguns defeitos e esteve a ponto de arruinar-se de todo:
“Que em consequência entende a Câmara se deve alterar em que
parte aquele artigo quarto do Regulamento, porquanto sendo a Bomba da Câmara,
parece dever ser confiada ao seu empregado chefe da secção de que trata o §
único do artigo quinto que está cabalmente exercitado no modo por que se deve
com ela trabalhar, e nesse exercício tem habilitado os empregados da iluminação
da cidade e outros sujeitos à Câmara”.
14 de Fevereiro – A coberto do ofício n.º 95, remeteu a
superior autoridade do Distrito à Câmara, o Alvará, com as alterações aos
citados artigos quarto e quinto, conforme a sugestão municipal.
16 de Março – Pelo Acórdão deste dia, ainda se verifica que atendendo a
proposta do Visconde de Bruges, o Município fez ingressar os Aguadeiros do
Conselho na Secção encarregada do serviço da Bomba.
1855
18 de Abril – Através de Tomé de Castro Júnior, comprou o
Município em Londres, duas mangas de sola para a Bomba, no custo de sete libras
esterlinas e cinco xelins – de quarenta e vinte pés de comprimento.
1856
5 de Março – O Barão de Bastos, comandante da 10.ª Divisão
Militar, ordenou que para a porta da casa da Bomba se destacasse uma sentinela,
“quando apareça algum caso d e fogo”.
1864
5 de Novembro – O vapor inglês “Runher”, conduzindo viveres,
procedente de Londres que há quatro dias navegava e, entrando na baia “a toda a
força, passou por navios ancorados e tomando um bordo bastante à terra encalhou
junto ao cais da Alfândega, a bem pouca distância.” (O Angrense, 11NOV1864).
21 de Dezembro – Após o vendaval de 19 e 20 de Dezembro, que o destruiu por
completo, procedeu-se ao leilão de salvados do “Runher” de seguida na
Alfândega. Resolveu então a Câmara de Angra arrematar “para o seu serviço uma
Bomba, com as suas mangas e baldes, e que pertenciam ao mesmo navio,
autorizando para isso o seu presidente” (Acórdão de 21DEZ1864).
1867
17 de Agosto – Já a Bomba se arrecadava no próprio edifício
municipal, tomando em conta o ofício n.º 34, da Edilidade, a pedir ao
comendador Rodrigues Fartura a vagatura das lojas do Paço, a fim de ali guardar
a sua bomba.
1872
Oficializa-se a ideia da criação dos voluntários
21 de Janeiro – Considerando o alvitre do vereador Castro
Coelho, deliberou o Município, “convidar por edital os cidadãos que
voluntariamente quiserem formar umas companhias de bombeiros”, “entregando-lhe
a Câmara o material necessário, fazendo com elas as despesas precisas como as
necessárias na ocasião do sinistro.”
6 de Março – Mediante proposta do vereador Barão de Ramalho,
“resolveu a Câmara pedir à Companhia de Seguros Fidelidade um subsídio para a
aquisição de material próprio para acudir a incêndios a exemplo do que tem a
mesma companhia praticado com outros Municípios aonde talvez o capital seguro
contra o fogo não ascenda como aqui acima dos quatrocentos e cinquenta contos
de reis.”
1879
24 de Setembro – Referido numa ata deste mesmo dia, o
material de incêndios, ocupava aposentos municipais.
1882
O convite municipal para a criação dos Bombeiros Voluntários
nesta cidade, deliberado em 1872, não vingaria sob o patrocínio camarário.
20 de Março – No Palácio do Governo Civil, se reuniram os
novos Bombeiros Voluntários.
Sob a presidência de Miguel de Barcelos, se analisaram e
aprovaram os Estatutos da nascente Associação. O dito Governador Afonso de
castro foi aclamado presidente honorário.
Os corpos gerentes da benemérita sociedade, a seguir
eleitos, ficaram constituídos:
Assembleia Geral:
José Maria Leite Pacheco – Presidente;
Francisco de Paula Moniz Barreto – 1.º Secretário;
João Augusto Silvano – 2.º Secretário
Direção:
Miguel de Barcelos – Presidente;
João Inácio da Silveira – Vice-presidente;
João Toste Parreira – Secretário;
Filipe Augusto da Luz Lobo – Tesoureiro;
José de Bettencourt Vasconcelos Diniz – Vogal.
Trinta sócios, nesta data contava a organização.
15 de Abril – A Terceira, regista na sua edição: “por este
vapor veio já a Bomba para a nova companhia dos Bombeiros Voluntários, que nos
dizem dever satisfazer plenamente.” O mesmo hebdomadário enaltece ainda o
dinamismo do elenco diretivo e a intervenção positiva da primeira autoridade
distrital.
Na loja do Palácio dos Antigos Capitães-Generais, com frente
para o largo 22 de Junho, onde a Câmara havia arrecadado a sua primeira bomba,
como aludido no artigo número quarto, instalaram os Voluntários agora a sua.
Realizaram-se corridas de amadores a favor da Associação de
Bombeiros na Praça de S. João, em 30 de Julho de 1882, 7 de Outubro de 1883 e
15 de Agosto de 1892.
Quatro bombas de organizações diferentes ao mesmo tempo: 2
Bombas da Câmara, 1 Bomba dos Bombeiros Voluntários e 1 bomba na Alfândega.
A referência dos periódicos da época de a Câmara ter
comparecido em primeiro, evidencia que entre as diversas guarnições angrenses
imperava a rivalidade de cada uma alcançar antes de outrem o local do sinistro.
O facto significaria palmarés disputado e triunfo moral de especial agrado.
16 de Abril – A Terceira, regista ao noticiar o fogo, mais
uma vez, lembrou a “a grande conveniência de bocas de incêndio nas principais
ruas da cidade, que possam prontamente fornecer toda a água precisa, e
continuamos a insistir, assim como se deve providenciar para que, ao mesmo
tempo que acudirem as bombas, sejam estas acompanhadas de escadas, que sempre
chegam tarde, e depois de muitas dificuldades”.
1894
19 para 20 de Novembro – No combate ao incêndio que
deflagrou nesta noite, foram relacionadas as três máquinas e mais a do Castelo.
1895
19 de Setembro – Incêndio na Rua da Sé, damos outra vez fé
das bombas municipais, da Alfândega e dos Bombeiros Voluntários, chegados por
esta ordem.
Apura-se pelo menos no decorrer de um século, que na
fortaleza do Monte Brasil existia uma Bomba, que em caso de fogo descia ao
burgo em nobre missão de socorro.
1896
Distinguidos pelo Instituto de Socorro a Náufragos,
por feitos do salvamento dos sete tripulantes do lugre Príncipe da Beira, que
na baia de Angra naufragou em 12 de Outubro.
9 de Dezembro – A Câmara Municipal em sessão plenária,
concede à Bombaria o subsídio anual de 60 mil reis.
12 de Dezembro – A União, noticia que o Comando Geral de Artilharia irá
fornecer à Real Associação de Bombeiros Voluntários meia centena de granadas de
mãos para lançamento do cabo vaivém, para socorros a náufragos.
1901
26 de Janeiro – A União refere na sua edição: “São
conhecidos de todos as vantagens destas beneméritas associações. São de grande
vantagem para a Sociedade, são ao mesmo tempo de utilidade para as companhias
seguradoras, que inúmeras vezes têm devido ao denodo dessas associações, os
lucros grandiosos que lhes advêm da extinção de incêndios, evitando-lhes
prejuízos totais. Nesta cidade temos também uma associação de Bombeiros
Voluntários, que melhor poderia progredir e prestar bons serviços, se tivesse mais
proteção do que a que lhe dispensam. E se alguma coisa não se fizer em seu
favor, é certo que não poderá sustentar-se, atendendo a que tem despesas
certas, o seu material se deprecia em pouco se poderá tornar inútil, e a
associação não tem receita alguma.
Umas pequenas verbas anuais que lhe concedesse a Câmara e
cada um dos agentes das diferentes companhias seguradoras desta cidade, seria
valiosíssimo auxílio.” Do inêxito da diligência junto da Fidelidade já sabemos.
Nesta data, dispunha já de carro a humanitária Associação.
Teve o REAL CORPO DE BOMBEIROS VOLUNTÁRIOS, então constituído por trinta
unidades, o Dr. José Azevedo Castelo Branco como Primeiro Comandante.
El-Rei D. Carlos era seu Presidente perpétuo. Louvado por
diversas vezes este Corpo. Foram agraciados com a medalha de prata da rainha D.
Maria, premiando o mérito, a filantropia e a generosidade, denunciados durante
o incêndio no Hospício Angrense.
Foi estreado um novo uniforme, por ocasião da visita régia
de D. Carlos e D. Amélia.
17 de Abril – Em razão da hostilidade popular, foram
expulsos os padres jesuítas.
1902
17 de Abril – No primeiro aniversário da ocorrência, a
polícia interditou o acesso às proximidades da Casa da Graça – Colégio dos
padres Jesuítas – no sentido de evitar qualquer manifestação. Nem todos, porém
aceitaram a prevenção da autoridade, havendo os que reagiram com foguetes e
vivas. Nas seis prisões efetuadas, contou-se a de Francisco Cardoso Gaspar,
comandante dos Bombeiros, que sofreu detenção por pretender realizar exercícios
com os seus homens na zona proibida.
Uma “tempestade num copo de água” dissolveu o “Real Corpo de
Bombeiros Voluntários”
No Evocando Figuras Terceirenses, págs. 33, relata assim o
acontecimento: “… houve vivório e morrório, por algumas pessoas mais exaltadas,
na rua da Sé. Jesuítas, e Irmãs de Caridade! Vão-se ajuntando espectadores
curiosos, Os boatos fervilhavam, inquietantes! Nisto o carro dos Bombeiros puxado
a muares atravessou a rua da Sé a toda a brida. Vai no carro o Comandante,
olhando em frente, ereto, com o seu capacete e machado ao lado. Ele era o
organizador competente da Corporação de Bombeiros, e tinha alcançado
justamente, um diploma de louvor, firmado pela Rainha D. Amélia, como prémio
pelos serviços relevantes de salvação, no naufrágio do navio “Príncipe da
Beira”, Saíra, - disse ao pessoal, para exercício de apagar fogo. Como é
notoriamente “liberal” – logo se propalou que não ia apagar fogo, mas atear
fogo… nas cabeças!
(…) - e ouvimos pessoa açorada a transmitir ao Comissário da
Polícia, - a ordem de detenção do Comandante dos Bombeiros. Este é valente e decidido,
mas o Comissário não o é menos, e é Autoridade. Houve troca violenta de
palavras – e a prisão efetuou-se. No dia seguinte foi, porém, solto, por que os
políticos se mexeram.
(…) Sempre o ouvimos (Comandante dos Bombeiros) negar que
tivesse saído do quartel com fins subversivos. Da fama, no entanto, não se
livrou.”
Os componentes da prestante Associação, em sinal de protesto
contra a detenção do seu Comandante e de alguns companheiros por unanimidade
resolveram apresentar a sua demissão coletiva ao chefe do Distrito.
E, assim, se extinguiu o REAL CORPO DE BOMBEIROS
VOLUNTÁRIOS, fundado vinte anos antes.
26 de Abril – A propósito da dissidência que pôs termo aos
Voluntários, lê-se no vespertino A União:
“Depois de inventariado todo o material da extinta
corporação de Bombeiros Voluntários desta cidade, mandou S. Ex.ª o Sr.
Governador Civil que ele fosse entregue à Câmara Municipal para juntar ao que
possui para seu serviço de incêndios.
É na verdade para lastimar que a Corporação de Bombeiros
Voluntários que tanto trabalho e dinheiro custou para se organizar e manter,
desaparecesse, a nosso ver, por uma precipitação, que vem privar a cidade de
Angra da confiança que tinha nos seus bons serviços, e que por vezes se
utilizou, prestados sempre com denodo e dedicação.
A resolução dos Bombeiros Voluntários, não tem a
justificá-la razões de peso.
Recusarem os seus membros os seus bons serviços à sociedade,
por um facto para que ela não concorreu, foi um ato mal pensado e precipitado.
Havia maneira de exigir reparação por supostas ou verdadeiras ofensas à
autoridade, que afinal a demissão que a corporação se deu não conseguiu.
Também a autoridade superior do distrito, devia por sua vez
ter tentado apaziguar os ânimos nos Bombeiros, convencendo-os que não tinha
havido nos atos que os melindraram, intenção alguma ofensiva para a corporação.
Não o fez, e assim a excessiva meticulosidade de uma parte e
a sobranceira autocrata da outra, fizeram desaparecer uma instituição que as
cidades que a não possuem diligenciam ter.
É para lamentar, e por isso é o que fazemos com estas
linhas.”
Fundação do Corpo de Municipais
23 de Julho – A Câmara Municipal funde o seu Corpo de
Municipais, de forma a suprir lacuna deixada pelo desaparecimento da REAL
ASSOCIAÇÃO DE BOMBEIROS VOLUNTÁRIOS, três meses antes.
O seu regulamento, compunha-se de setenta artigos, rezando o
primeiro:
“O Corpo Municipal de Bombeiros Voluntários de Angra do
Heroísmo tem por fim, além de quaisquer obrigações que lhe sejam incumbidas por
lei, prestar socorros aos habitantes da cidade de Angra do Heroísmo e
subúrbios, por ocasião de alguma calamidade pública, como inundações,
desabamentos, terramotos e, em especial, nos casos de incêndio e suas
consequências.”
Considerado oficial, para todos os efeitos legais, esse
Corpo era formado por “no seu número, de quarenta homens” incluído o pessoal
superior.
Após consulta do referido Regulamento, é de notar que a
Câmara nomeara “dentre o pessoal alistado, um chefe com a graduação de
Comandante, um subchefe com a graduação de ajudante: dois primeiros patrões e
quatro segundos patrões”. A nomeação dos patrões seria feita sob proposta do
Comandante.
Tornava-se mensalmente obrigatório a realização de um
exercício e três classes de uniforme se adotaram: de serviço, pequena gala e
grande gala.
Um médico convidado pela Edilidade tinha a seu cargo o
serviço de saúde do Corpo, nas ocasiões de sinistro e suas consequências.
O novo Regulamento, no capítulo atribuições, desagradou e
ofendeu Adriano Augusto dos Santos, a ponto de logo no dia imediato pedir a sua
exoneração do cargo de Inspetor de Incêndios – em virtude de quase todas ou
todas as suas funções sobre tal ramo de serviço serem agora conferidas ao
Comandante do Corpo Municipal de Bombeiros.
23 de Julho – A Câmara Municipal funde o seu Corpo de
Municipais, de forma a suprir lacuna deixada pelo desaparecimento da REAL
ASSOCIAÇÃO DE BOMBEIROS VOLUNTÁRIOS, três meses antes.
O seu regulamento, compunha-se de setenta artigos, rezando o
primeiro:
“O Corpo Municipal de Bombeiros Voluntários de Angra do
Heroísmo tem por fim, além de quaisquer obrigações que lhe sejam incumbidas por
lei, prestar socorros aos habitantes da cidade de Angra do Heroísmo e
subúrbios, por ocasião de alguma calamidade pública, como inundações,
desabamentos, terramotos e, em especial, nos casos de incêndios ou suas
consequências”.
27 de Julho – O Comandante da Associação extinta, Francisco
Cardoso Gaspar, nomeado em sessão camarária logo assumiu iguais funções nos
Voluntários do Município.
1905
11 de Março – Dirigiu Francisco Gaspar um exercício de cabo vaivém
no Cais da Figueirinha.
1906
24 de Abril – no diário “O Dia”, consta anúncio da Câmara, a
pedir dois bombeiros-cocheiros, sendo então de presumir, assim, que na
Corporação existia então esse número de viaturas Hipo.
Junho – Por ocasião das anunciadas festas de Junho, o Clarim dos Bombeiros, ao
tempo, pela s nove horas da noite, executava o toque do recolher.
1910
16 de Junho – A Junta Geral do Distrito pediu à Câmara a
cedência da bomba pequena de incêndios, que se encontra quase inutilizada, e a
mangueira respetiva para ser utilizada na rega da Rua do Galo, Guarita e S.
Pedro, dando em troca deste material duzentos metros de mangueira nova para o
serviço de incêndios desta cidade.
Acedeu o Município, que deliberou adquirir por sua conta uma
bomba de novo sistema, muito usada lá fora, de quinze metros de projeção de jato,
que era mais que suficiente para nós, visto a pouca altura dos nossos
edifícios. Este aparelho tinha a particularidade de poder ser conduzido por
dois homens apenas a qualquer andar de uma casa, a fim de buscar ali a água que
a bomba precisava para se alimentar.
2 de Setembro – Chegada do engenho, a Angra. Tratava-se de
uma pequena máquina portátil, sistema americano, com duas agulhetas e a
capacidade para lançar água a 15 metros de altura! O despacho compreendia
também uma porção de mangueira, sendo parte para o serviço de incêndios e parte
para a rega do jardim. Dispunha ainda esta bomba da vantagem de se poder montar
num carro de primeiros socorros e ser utilizada dentro de edifícios.
1911
3 de Abril – O agente da Fidelidade, João de Belo Morais,
inteirou a Câmara do seu inêxito junta daquela Companhia, no sentido de
conseguir “um pequeno subsídio para o nosso Corpo de Bombeiros”. A
alegação aduzida pela referida firma seguradora foi ser impossível contribuir
para tal fim, visto que seria abrir um exemplo que a seguir-se, nem os lucros
quintuplicados chegariam para distribuir a corporações congéneres.
30 de Março – A União, publica na sua edição, a notícia confirmativa do subsídio
concedido pela Caixa Económica da Rua da Sé. Montava esse fundo, na ocasião, a
1.831$185 reis. Ainda adita o jornal que desde a data da instituição do
referido donativo, somente no ano anterior se havia subsidiado um bombeiro
impossibilitado de trabalhar por acidente em serviço de incêndio. A citada
verba mantinha-se na Caixa Económica, vencendo juros como capital
depositado.
1922
Criada a presente Associação Humanitária
1 de Março – Substituindo o Corpo Municipal de Bombeiros
Voluntários, que também como a precedente organização tiveram a existência de
vinte anos, se fundou a atual ASSOCIAÇÃO HUMANITÁRIA DE BOMBEIROS VOLUNTÁRIOS.
3 de Maio – A Corporação até esta data, já tinha realizado dois exercícios e
quer o prédio como o material da extinta associação municipal estavam em seu
poder.
4 de Maio – No Recreio dos Artistas, na estreia da famosa cançonetista mexicana
Zarondo La Bella, os novos bombeiros compareceram pela primeira vez em
espetáculos.
25 de Junho – Inauguração do quartel, na Praça da Restauração, com o
antigo material, que se oferecia reparado e em boa ordem.
29 de Junho – Homenageando o Instituto de Educação Física de Ponta Delgada, na
própria sede, assistência numerosa, inclusive o elemento oficial e
representantes da Imprensa, sob o comando de Carlos Dias. Levou-se a efeito “a
escalada humana, com três homens e a escada de três e seis lanços, indo um
deles até ao quarto andar. Além disso, fez-se a descida a pulso e a mangueira
de salvação, sendo esta alternadamente de pés e cabeça para a frente.”
7 de Julho – O Tenente Coronel Francisco de Paula Rego aparece como presidente
de comissão fundadora da Associação Humanitária de Bombeiros Voluntários. Na
assembleia geral realizada neste dia, os primeiros corpos gerentes se elegeram.
12 de Julho – Nova reunião se efetivou, conferindo-se a posse da:
Assembleia Geral:
Frederico Augusto Lopes da Silva – Presidente;
Carlos Belling Dias – Secretário;
Américo Ribeiro Barbosa – Secretário;
Conselho Fiscal:
António da Rocha Pinheiro;
Clemente Ramos Pamplona;
Direção:
Dr. Aristides Saraiva de Andrade – Presidente;
Emílio Borges de Ávila – Vice-presidente;
João de Ávila – Secretário;
Manuel Joaquim de Freitas – Tesoureiro;
TCOR Francisco de Paula Rego – Vogal;
Tomé de Castro – Vogal.
Os TCOR Francisco de Paula Rego e Carlos Dias investiram-se
dos cargos de Primeiro e Segundo Comandantes respetivamente.
Serviço de Saúde – Cruz Verde
19 de Julho – Primeiro indicativo sobre a ação da Cruz
Verde.
20 de Julho - Regista-o “A União”, noticiando que o ajudante do enfermeiro
Jorge Sotero Borges, voluntário n.º 15, acompanhou a maca a S. Bartolomeu, para
conduzir ao Hospital desta cidade a esposa de Mateus Luís Amarante.
28 de Julho – Assentou a direção adquirir um carro automóvel e algum material
de urgente necessidade. No vapor Lima de Agosto receberam-se cento e cinquenta
metros de mangueira.
15 de Outubro – Na casa do Vice-Presidente da Direção, Emílio Borges de Ávila,
decorreu um exercício sem qualquer incidente, onde a benemérita Associação
mostrou já dispor de um bom número de elementos adestrados no arriscado mester
de salvar vidas e propriedades nos incêndios. Tendo sido postos à prova a
serenidade, a robustez e a coragem dos nossos jovens bombeiros. Foram
executadas as diferentes espécies de escaladas e de salvamento que se conhecem
– evidenciando-se alguns “números” de pleno feito.
20 de Outubro – O voluntário de 3.ª Classe, Gregório Carlos Sanches Franco, é
nomeado Secretário do Corpo.
24 de Outubro – O Primeiro Patrão Luís Maria Gonzaga Mendes de Linhares
substitui Carlos Belling Dias no cargo de Segundo Comandante, por este se ter
demitido.
1923
23 de Setembro – Deliberou-se em assembleia geral, contrair
um empréstimo de quatro dezenas de contos de reis, à Caixa Económica da Angra,
amortizável em quinze anos, com penhor de garantia, a fim de adquirir uma bomba
acionada a motor, com os acessórios necessários ao seu funcionamento, uma
escada “magyrus” e o material que for considerado indispensável. Ainda se
assentou rogar ao Município no sentido de subir para dez contos a dotação anual
para encargos e onerar em dez por cento os prémios pagos às companhias de
seguros no concelho, como por lei autorizado.
30 de Setembro – Encómio Municipal.
3 de Dezembro – Imposto pelo seu estado de saúde e parecer médico, Paula Rego
afastou-se do serviço ativo, sendo nomeado de Comandante Honorário.
16 de Dezembro - Henrique de Oliveira Botelho, sucedeu a Gregório Franco.
1924
4 de Janeiro – O Tenente Aniceto dos Santos, assumiu o
Comando do Corpo Ativo.
24 de Outubro – Sob o número vinte e oito de registo, a Humanitária Associação
filiou-se na Federação de Bombeiros Portugueses, como a Cruz Verde se inscreveu
nos Voluntários da Ajuda.
1925
22 de Janeiro – O Segundo Patrão Gregório Franco, nomeado
secretário-ajudante, substituiu Henrique Botelho.
22 de Junho – A bomba francesa Aster e a escada mecânica Lieb Shone
estrearam-se no exercício público, por ocasião das festas da cidade.
27 de Dezembro – O Corpo de Voluntários passou a ser formado por quatro quadros
distintos: o Ativo, o de Mecânicos e Condutores, o Auxiliar e o dos Serviços de
Saúde – Cruz Verde.
1927
10 de Janeiro – O Tenente Aniceto dos Santos,
exonerou-se de Comandante.
23 de Janeiro - Assumiu o cargo de Comandante, João Narciso do Canto –
função que havia exercido nos Municipais.
16 de Fevereiro – Entrega do carro porta-cabos do Instituto de Socorro a
Náufragos Assumiu o cargo de Comandante, João Narciso do Canto – função que
havia exercido nos Municipais.
20 de Julho – Por Alvará do Governador Jaime Pereira da Silva, a
Associação passou a auferir dez por cento das licenças das touradas à corda na
ilha – a fim de manter a condução dos enfermos indigentes de automaca.
1929
Maio – Serviço de Automaca inaugurado.
18 de Agosto - Foi entregue ao Corpo Ativo pela Direção, um estandarte de
honra, em cetim, pintado por Abraham Abohbot.
1930
30 de Novembro – Uma camioneta Ford entrou ao serviço –
adaptada a carro de material, rebocando a autobomba.
1932
Tratava-se da corporação “mais completa dos Açores, quer no
que respeita ao pessoal, na sua maioria apto a desempenhar cabalmente a missão
de sacrifício que se impôs, quer no que diz respeito a material, em condições
de satisfazer já por completo, as exigências do meio.”
A notícia a que nos socorremos, na revista Ilha Terceira,
número único, comemorativo do V centenário do Descobrimento dos Açores, adianta
que a Associação “viu há pouco acrescentado o material de que dispunha, com
dois ótimos carros automóveis, um para pronto socorro e outro para transporte
da escada mecânica.”
Julho – Inaugurou-se um auto-pronto socorro na Associação
que tem por lema Vida por Vida.
1933
28 e 29 de Agosto – O novo quartel erguido na Praça da
Restauração a expensas da Câmara, começou a funcionar com as exposições de
material, integrado nas comemorações do V Centenário do Descobrimento dos
Açores.
Em diversos anos se promoveu, com assinalado êxito, a Festa
da Flor, com vista a angariar fundos para a Cruz Verde.
1934
Setembro – O Município ofereceu o seu antigo carro de regas,
a fim de ser adaptado a autotanque.
1935
Outubro – Uma camioneta Ford entrou ao serviço, transformada
em viatura de pessoal e material.
1937
20 de Setembro – João Narciso do Canto, deixou a função de
Comandante.
3 de Outubro – Vaga de Comandante, suprida por Álvaro Pereira da Silva, que
idênticas responsabilidades ombreara nos extintos municipais.
24 de Outubro – No adro da Sé, experimentou-se a motobomba Metz, adquirida por
subscrição pública e graças à iniciativa de Gregório Franco.
1938
13 de Março – Com o produto das récitas da opereta regional
Água Corrente, letra de João Ilhéu e música de Henrique Vieira da Silva,
montou-se o novo Posto de Socorros.
1942
14 de Janeiro – Tomás Mesquita de Borba, assumiu o cargo de
Comandante.
1943
O Ajudante do Corpo Ativo, Gregório Carlos Sanches Franco
foi nomeado Segundo Comandante Honorário.
1954
3 de Setembro – Manuel Machado Cota, assumiu o cargo de
Comandante, após pedido de demissão de Tomás Mesquita de Borba.
1955
30 de Outubro – Em cerimónia festiva, a Comissão
Administrativa do humanitário organismo, em exercício desde o ano anterior e
constituída por:
Dr. Augusto Pamplona Monjardino;
Carlos Rego da Silva;
Eliseu Manuel François Sarmento.
Ao Corpo Ativo, entregaram quatro viaturas:
Um pronto-socorro, marca Chevrolet, de seis cilindros, com
bomba acoplada que alimenta quatro agulhetas e dois sarilhos;
Um pronto-socorro, marca Internacional, de quatro cilindros, ligados a uma
bomba de pistons de alta pressão, próprio para o combate com espuma em fogos de
combustíveis líquidos;
Um autotanque, G.M.C., na capacidade de quatro mil litros. Tem acoplada uma
bomba centrífuga, acionada pelo próprio motor. Capaz de alimentar quatro
agulhetas de pequeno calibre. Pode ser usado em combate independente ou como
carro de abastecimento.
Uma ambulância, marca Volkswagen, com dispositivo para duas macas. Dispõe de
uma cadeira regulável para acomodar paralíticos ou doentes que não possam ser
transportados deitados.
1957
“Trata-se, pois na sua categoria, uma das Associações melhor
apetrechadas no País” consoante o abonou o presidente da Liga dos Bombeiros
Portugueses, por ocasião da sua visita a Angra.
12 de Janeiro – São conferidos poderes ao seu Presidente,
Dr. Anselmo de Sousa Bettencourt e Silveira no sentido de proceder,
respetivamente a legalização:
Um pronto-socorro, marca Ward La France. Equipado com
potente motor de quatro cilindros que aciona o veículo e, simultaneamente uma
bomba de alta pressão com o débito de três mil litros por minuto, suscetível de
alimentar ao mesmo tempo quatro agulhetas de grande calibre ou oito de diâmetro
inferior. Ainda equipado com um dispositivo que permite usar espuma e um
depósito da ordem dos mil e duzentos litros.
Outro pronto-socorro, marca Dodge, seis cilindros. Dotado de uma bomba de
centrífuga, pelo próprio motor acionada, com débito de mil e duzentos litros.
Capaz de alimentar duas ou quatro agulhetas, conforme se o tubo for largo ou
estreito. Dispões ainda de um depósito da capacidade aproximada de mil e
duzentos litros.
3 de Dezembro – Medalha de Ouro atribuída, e duas estrelas
que enobrecem o seu estandarte, quantas citações honrosas e diplomas de
expressivo e significativo teor – palmarés de glórias e de sacrifícios, de
homenagem e gratidão, de fraternidade, reconhecimentos e heroísmo.
1958
15 de Julho – São conferidos poderes ao seu Presidente, Dr.
Anselmo de Sousa Bettencourt e Silveira no sentido de proceder, respetivamente
a legalização das viaturas supramencionadas.
19 de Setembro – Louvor que enaltece a intervenção desta Associação nos
trabalhos de socorro a náufragos no/m Arnel encalhado nas proximidades de Santa
Maria. Certificados que são títulos de vitória e premiam extraordinários e
abnegados serviços de essência humanitária.
Com outros elogios camarários deparamos, salientando a
perícia e o adestramento dos bombeiros denunciados em exercícios públicos e a
ação positiva e decidida no combate a sinistros. Inviável ora lembrar a quantos
incêndios acudiram os nossos Voluntários no decorrer dos últimos decénios.
1964
A Direção que ora detém sobre os ombros a responsabilidade
dos destinos da benemérita Organização, inclusive o nobilitante encargo de
edificar o moderno e amplo imóvel da futura sede, prestes a ultimar-se,
compõe-se:
Direção:
Capitão José do Couto Vaz – Presidente;
Armando Magalhães Mendonça – Tesoureiro;
Edgardo da Silveira Rodrigues – Secretário;
João de Oliveira Gouveia – Vogal;
António Garcia Pedro – Vogal.
A sede dos Bombeiros na Praça da Restauração, desapareceu
nos fins de Fevereiro de 1964, para dar lugar ao Hotel. Enquanto não se ultimam
as obras do novo Quartel, â Guarita, iniciadas em 4NOV1963, as viaturas da
Bombaria estacionam nuns barracões-garagem na Avenida Infante D. Henrique, na
área da pedreira.
Foi em 31/MAR/1967 que todo o equipamento da Bombaria se
mudou em definitivo para as novas instalações na Praça Arantes e Oliveira, por
o primeiro piso do imóvel em edificação nessa data já para o efeito oferecer
condições.